1. A CASA

Não tenho respostas para te dar,
Nada me pertence.
Tudo o disser tens que compreender,
Sou eu a perder-te.

Sim é sempre num lugar como tu,
Que construo a minha casa.
Sim será sempre por uma porta assim,
Que te vejo partir.
Espero encontrar forma de te dizer,
Fui eu que a fechei.

2. QUEBRO

Ouve que grande estrondo
Algo se partiu dentro de mim,
Repara tanto fumo
Um coração em chamas deve ser assim.

Tu sabes que não tenho mais que fugir,
Tu sabes que nada mais há para partir.

Quebro todos os laços em breve partirei,
O que está em pedaços ficará como o deixei.

Não está no horizonte a vontade de partir,
Por mais que tente em frente nada vi.

Ouve que grande estrondo
Algo se partiu dentro de mim,
Repara tanto fumo
Quando a chama apaga é assim.

3. NATUREZA HUMANA

Temos passos para dar
Um caminho a fazer,
Não sei nada do destino. Nem tu.

Sei que tenho de ir em frente
É a natureza humana,
Sei que pode ser diferente
É a natureza humana.

Hei, desta vez não me vou enganar
Devo saber de tanto errar,
Hei, desta vez não me vou enganar
Não perco nada voltarei a tentar.

Tenho pouco a perder
Nada que já não tenha esquecido,
Mas posso sempre encontrar o meu coração
Sei que em frente é o abismo.

A natureza humana
Quem me está a empurrar,
A natureza humana.

4. UMA SEDE

Naveguei muito sem tempestade
Olhei sempre o mar,
Quem virá iniciar os meus sonhos?
Esqueceram-me e parti.
Durante dias e noites
Procurei imóvel,
Quase tudo ouvi.
Hei-de ter qualquer coisa que tu queiras
Um desejo, uma sede por matar
Hei-de ser quase tudo o que anseias
Terás medo ou vais ficar?

5. POR TI

Por ti deitei o meu corpo ao mar
E eu não sei nadar,
Por ti subi bem alto para saltar
Nunca me viste voar.

Por ti sonhei que não podia falhar
Não quero acordar,
Por ti ganhei mais do que havia para ganhar
Mesmo sem jogar.

Pro ti não quero mais
Por ti não brinco mais
Por ti não vou saber nem quero... mais.

6. CONSTRUÍ RUÍNAS

Construí ruinas tu não podes ver,
Mas sobe os escombros estou eu
Tinha que me entreter.
Estas ruínas construías eu.

São pedras soltas sem mapa sem forma,
Nunca que perguntei porque escolhi
Uma casa que a seguir bombardeei.

Nunca estranhei as ruínas crescem
Duma casa que nunca edifiquei
Nunca passámos por aí.
Afinal tudo era água um de nós era o navio
E as margens incapazes de conter este rio.

7. É COMO A VIDA

Tu, tu sabes muito mais
Não me queiras esconder,
Sabes ao que vais
Sabes que pode arder.

É como a vida muito melhor
ficas escondida
Ninguém vai saber
há demasiado a perder

É como a vida muito pior
ficas escondida
Não vou perder nem perco.
Não vou partir nem parto
Não vou ficar nem ficas,
Só quero sentir não fales.

8. OSSOS

Podes sair da tua pele e saltar de cabeça
Podes até encontrar na pista alguém que te mereça,
Podes arranhar o chão usar todos os teus ossos
Podes sair de mansinho mas isso já eu não.

Não é aço é osso
Dei-te a mão agarraste-me o pescoço,
Não é osso é aço
O que era casa já nem é abraço.

Sou uma máquina sem vida
Ossos, músculos, tendões,
Hoje tirei a pele e danço
E quando me perder no meu peso.

Os meus ossos vão-se lembrar
E quando eu cair nem sequer vai doer
Vou dançar, vou dançar para esquecer.