UHF : Canções Prometidas - Raridades Vol.III

Rock / Portugal
(2012 - Am Ra Discos)
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Les paroles


1. TEMPO QUENTE

Adoro o tempo quente
e os dias que tem p'ra dar,
É altura de partir
sem ter contas a prestar.

Quando o trabalho pára
e liberta o meu corpo,
É no verão que procuro
viver o dia até ao Sol posto.

Este ano vou p'ro sul
atravessando o interior,
Vou galgar a estrada
na minha mota voadora.

À noite quando acampar
vou tocar na viola,
Com as cinzas ainda quentes
e uma lata de conserva.

De manhã voltarei à estrada
que se fecha no horizonte,
Sob o Sol que enche a alma
e dá à vida outro nome.

Adoro o tempo quente
e os dias que tem p'ra dar,
É altura de partir
sem ter contas a prestar.


2. AMÉLIA RECRUTA

Um, dois, três
e a Amélia a correr,
A marchar a marchar
outra vez!

Em tempo de paz
é tempo de guerra,
A Amélia recruta
parece uma fera.

Brincar aos cowboys
rastejar na terra,
Olha o inimigo
que está à espera.

Quem é o inimigo
que vai atacar,
A sombra? O arbusto?
não podes falhar.

Um, dois, três
e a Amélia a correr,
A marchar a marchar
outra vez!

Haverá sempre quem diga
que a tropa faz o homem,
É velha a cantiga
ordem na desordem.

Parada a luzir
mil botões de latão,
O sentido e o dever
a bem da nação.

E o que dói mais
aqui entre heróis,
Um conselho de guerra
ou as promoções.

Um, dois, três
e a Amélia a correr,
A marchar a marchar
outra vez!

Marchar, marchar
Sem dor sem medo
Até ao fim o soldadinho é brinquedo.


3. ESTE FILME

Marionetas de pau santo
num bailado quase louco,
Personagens por um fio
portugueses sem confronto.

Um intruso, dois heróis
e uma feia muito bela,
Um enredo que nos mói
prisioneiros nesta tela.

O filme é, o filme é
Aguentar sempre de pé.

E as cinzas do Império
tão humildes a preto e branco,
Usurpadas à mão cheia
no silêncio do rebanho.

Com a fauna a entoar
cantos cisne pela noite,
Extravagâncias que nos sobram
como risos de coiote.

O filme é, o filme é
Aguentar sempre de pé.

Esta raiva que eu sinto
no silêncio que ecoa,
Esse ódio tão passivo
tão sublime que sufoca.

Este filme dia a dia
a morrer entre mãos,
Esta glória empoeirada
fado velho da nação.

O filme é, o filme é
Aguentar sempre de pé.


4. CENTRO SUL / VIA-SACRA

À chuva, na rua
mulher jovem procura,
À boleia, o engate
um cliente que pague.

Centro sul com um cais
de partida e chegada,
Centro Sul, via sacra
à tardinha pela calada.

De Almada até à Costa
o serviço não demora,
Nos Capuchos vê-se o mar
o prazer sem olhar.

Centro sul com um cais
de partida e chegada,
Centro Sul, via sacra
à tardinha pela calada.

No regresso vai passar
pelo dealer e pagar,
Outra dose e regressa
a viagem recomeça.

Centro sul com um cais
de partida e chegada,
Centro Sul, via sacra
à tardinha pela calada.


5. PELO MUNDO À PROCURA DE MIM

Nada me toca
nada me excita,
Somo agora
as contas da vida.

Não me comovo
afasto a dor,
Às vezes sem rumo
outras vezes actor.

E por isso pergunto
que faço aqui?
Se ando pelo mundo
à procura de mim, de mim.

O fardo das horas
os anos de espera,
Por essa glória
que nos afecta.

O som da guitarra
o poema a rimar,
Luzes apagadas
isqueiros a brilhar.

E por isso pergunto
que faço aqui?
Se ando pelo mundo
à procura de mim, de mim.


6. CAVALOS DE CORRIDA

Agora, que a corrida estoirou
e os animais se lançam no esforço,
Agora, que todos eles aplaudem
a violência em jogo.

Agora, que eles picam os cavalos
violando todas as leis,
Agora, que eles passam ao assalto
e fazem-no por qualquer preço.

Agora, agora, tu és um cavalo de corrida.

Agora, que a vida passa num flash
e o paraíso é além,
Agora, que o filme deste massacre
é a rotina Zé Ninguém.

Agora, que perdeste o juízo
a jogar esta cartada,
Agora, que galopas já ferido
procurando abrir passagem.

Agora, agora, tu és um cavalo de corrida
Agora, agora, tu és um cavalo de corrida.


7. FAZ DE CONTA É UM PAÍS

Eu que sempre aqui vivi
eu que sempre aqui morei,
Faz de conta, é um país
onde agora acordei.

Faz de conta, é assim
um país pequenino,
Quase morto de fingir
oito séculos e um destino.

Um, dois, três e quatro
faz de conta, és um pato,
Um, dois, três e quatro
faz de conta, está no papo,
Faz de conta.

Faz de conta, faz de conta
que a bola já entrou,
A bancada está feliz
foi o apito quem marcou.

Faz de conta, é barato
tudo está a 300,
Ganha a prova, engole o sapo
faz o jeito ao governo,

Um, dois, três e quatro
faz de conta, és um pato,
Um, dois, três e quatro
faz de conta, está no papo,
Faz de conta.

Faz de conta, leva a sério
tudo aquilo que te dão,
Casamento e emprego
liberdade é que não.

Faz de conta, que és feliz
tão feliz que chateia,
Faz de conta, tu és livre
como a aranha numa teia.

Um, dois, três e quatro
faz de conta, és um pato,
Um, dois, três e quatro
faz de conta, está no papo.
Faz de conta, faz de conta.

Há quem saiba vender o corpo
e quem queira perder a alma,
Tanto vivo que está morto
sem saber do que se fala.

Sem ouvir e sem ver
ir em frente sem pensar,
Faz de conta até morrer
mas faz as contas de somar.

Um, dois, três e quatro
faz de conta, és um pato,
Um, dois, três e quatro
faz de conta, está no papo.
Faz de conta, faz de conta
um, dois, três e quatro.


8. DEVO EU

Devo eu dizer que te quero
e que a espera me destrói o desejo,
Devo eu ser sincero
e revelar-te o que penso.

Devo eu, devo eu, devo eu
Devo eu ser sincero.

E se eu quiser transformar
chapinhar na calmaria,
Por certo vou molhar
o rosto da tua alegria.

Devo eu, devo eu, devo eu
Devo eu ser sincero.

Um homem pode sempre dançar
segurado no seu encanto,
E pode sempre inventar
as ilusões do seu tamanho.

Devo eu, devo eu, devo eu
Devo eu ser sincero, ser sincero.


9. GLÓRIA DO TEJO

Passei um dia por Glória
e encontrei uma mulher,
Que me abriu a sua porta
e deu-me de beber.

É Glória, é Glória, é Glória
Glória do Tejo.

Bebi do seu vinho
contei-lhe a minha história,
Guardei o seu sorriso
e segui estrada fora.

É Glória, é Glória, é Glória
Glória do Tejo.

Glória aqui à beira do Tejo
já voltei a minha casa,
A família que eu espero
é o povo desta praça.

É Glória, é Glória, é Glória
Glória do Tejo.


10. A SURRA DOS TEMPOS MODERNOS

Há quem espere pela onda
e se esconda dos olhares,
Quem simule ser do contra
incapaz de se mostrar.

Há um sucesso à tua espera
se souberes porfiar,
Pé coxinho ou depressa
tu consegues lá chegar.

Há quem viva no mistério
de esperar Sebastião,
É assim há quatro séculos
o enterro da nação.

Politicamente correcto
é um filme a passar,
Neste estado de direito
que nos mata sem matar.

Como um sáurio deslizante
à espera que o Sol aqueça,
Chico esperto militante
é a marca portuguesa.

Há quem viva no mistério
de esperar Sebastião,
É assim há quatro séculos
o enterro da nação.

Houve aqui um Estado Novo
a cair de tripeça,
E há muito em saco roto
encalhado na promessa.

O espectáculo da intriga
não nos deixa de espantar,
Mas é tudo o que fica
de quem está a governar.

Há quem viva no mistério
de esperar Sebastião,
É assim há quatro séculos
o enterro da nação.

Não andes tão entretido
entre a esquerda e a direita,
Divergir é permitido
no play-off da Assembleia.

O que a malta quer é teta
na mimosa da nação,
Que nos paguem a despesa
e uma rolha no sermão.

Há quem viva no mistério
de esperar Sebastião,
É assim há quatro séculos
o enterro da nação.


11. TRÊS PEIXES

Aprendi a ver nas noites longas
o doce incêndio das coisas boas,
À beira de um lago cresci pescador
no vidro imaginário sonhei a tua cor.
Encantador.

E por ali passaram três peixes maravilha
felinos e esguios brilhando prata fina,
E os três peixes puxaram a linha do pescador
que foi visto a boiar preso na linha da vida.
Encantador.

Uma história assim feita de maravilhas
empurrou o pescador para a falésia da vida,
Uuh, encantador.


12. RAMA

Ó rama, ó que linda rama
ó rama da oliveira,
O meu par é o mais lindo
que anda aqui na roda inteira.

Que anda aqui na roda inteira
aqui e em qualquer lugar,
Ó rama, ó que linda rama
ó rama do olival.

Eu gosto muito de ouvir
cantar a quem aprendeu,
Se houvera quem me ensinara
quem aprendia era eu.

Não me invejo de quem tem
parelhas, éguas e montes,
Só me invejo de quem bebe
a água em todas as fontes.

Ó rama, ó que linda rama
ó rama da oliveira,
O meu par é o mais lindo
que anda aqui na roda inteira.



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