UHF : Ao Norte Unplugged
Les paroles
DISC 1
1. SÓ EU SEI PORQUÊ
(instrumental)
2. DANÇA COMIGO (ATÉ O SOL NASCER)
O Sol a pôr-se, o céu nas águas
Os olhos parados na tarde calma.
Será por ti que guardo o tempo
Neste segredo, luz e silêncio.
Dança comigo, a primeira vez
Ficarei contigo até o Sol nascer.
Quero-te tanto, por ti esperei
Por este dia mil anos passei.
Tu és o anjo que me protege
O grande amor que a vida me deve.
Dança comigo, a primeira vez
Ficarei contigo até o Sol nascer.
Quero-te tanto, por ti esperei
Por este dia mil anos passei.
Dança comigo, a primeira vez
Ficarei contigo até o Sol nascer,
Até o Sol nascer.
3. RUA DO CARMO
Rua do Carmo, rua do Carmo
mulheres bonitas subindo o Chiado,
Mulheres alheias, presas às montras
alguns aleijados em hora de ponta.
Olha como é a rua do Carmo
Olha como é a rua do Carmo.
Jornais que saem do Bairro Alto
putos estendidos, travando o passo,
Onde o comércio cativa turistas
quem come com os olhos, já enche a barriga.
Olha como é a rua do Carmo
Olha como é a rua do Carmo.
Soprando a vida passam estudantes
gingando as ancas, lábios ardentes,
Subindo com pressa abrindo passagem
chocamos de frente, seguimos viagem.
Olha como é a rua do Carmo
Olha como é a rua do Carmo,
Heh, heh.
4. MATAS-ME COM O TEU OLHAR
Noites frias de marfim
noites frias ao luar,
A conversa já no fim
matas-me com o teu olhar.
Matas-me com o teu olhar
Matas-me com o teu olhar.
Sabes que esta vida corre
como a sombra pelo chão,
Nada fica, tudo foge
ouve a voz do coração.
Matas-me com o teu olhar
Matas-me com o teu olhar.
São como cubos de gelo
que eu sinto ao tocar,
As palavras têm medo
matas-me com o teu olhar.
Matas-me com o teu olhar
Matas-me com o teu olhar,
Com o teu olhar.
5. VIVER PARA TE VER
Quero gostar de ti
sem saber porquê,
Sentir o que senti
a primeira vez.
Sem fazer perguntas
apenas desfrutar,
Duas vidas juntas
unidas para amar.
Viver para te ver
de manhã ao acordar,
O coração a bater
para te abraçar.
Calo as palavras
só os olhos a brilhar,
Secreta é a fala
sonhos a vibrar.
Viver para te ver
de manhã ao acordar,
O coração a bater
para te abraçar.
6. VOO PARA A VENEZUELA
A avenida tem palmeiras dançando
nos meus olhos o teu corpo vibrando,
Vento forte marca o desejo
porque tu já cá não estás deitada,
no meu quarto, no meu quarto, no meu quarto.
A revolta torna a crise passageira
velha amiga, o teu choro engana,
Perco os dias, marco as horas
preso ao sabor do teu corpo,
no meu quarto, no meu quarto, no meu quarto.
Fumo espesso no cansaço em chamas
esta vida é um templo de palavras,
O silêncio afoga a memória
o vinho põe um fim na história da mulher que ri,
no deserto, no deserto, no deserto.
No deserto - no meu quarto
No deserto - no meu quarto
No deserto - no meu quarto.
7. CONCERTO
Dedos amarelos
afinados em dó maior,
Cigarros de pontas breves
espalhados no auditório.
Luz que entra pelas alturas
e conduz à histeria,
Olhos fixos à procura
do profeta da rebeldia.
Soutien preso à pele
entre os amigos gritando,
Corpo aberto à ternura
da música deste concerto.
Bem bebidos de brilho nos olhos
avançaram sedentos,
Exigindo matar a fome
pelo preço de um bilhete.
Angústias ou ramos de flores - olá
Suando, sangrando, sei lá - olá
Oiço palmas, uivos, risos brancos sinceros - olá
No caudal que se vai - olá
E o rio está seco - olá
Quase no fim - olá
Regressemos à sobrevivência...
8. DE UM HOMEM SÓ
Viver por aí, jogando as jogadas
a vida como risco, curvando pela estrada,
Glórias vazias, intrusos na memória
um estafeta com azia, poeta quando acorda
quando acorda, se acorda.
Ai, eu quero ver essa porta aberta
Ai, eu quero ver essa porta aberta.
A angústia servida no ponto limite
dias que se repetem e repetindo desistem,
Parceiros no medo, somando ilusões
provando o veneno pela taça dos campeões
campeões, como peões.
Ai, eu quero ver essa porta aberta
Ai, eu quero ver essa porta aberta.
O amor está perto, imóvel e veloz
com os braços abertos, da fonte até à foz
até à foz, até à foz, até à foz.
Ai, eu quero ver essa porta aberta
Ai, eu quero ver essa porta aberta,
Ai, eu quero, quero.
9. BARCOS AO MAR
Barcos, à descoberta
levam os homens p'ra nova terra,
Barcos, a navegar
a outro mundo hão-de chegar.
Seguem as estrelas, barcos ao mar
Vão de partida, hão-de voltar,
Seguem as estrelas, barcos ao mar
vão de partida, hão-de voltar,
Barcos ao mar.
Barcos, de homens calados
seguem a esperança, olhos molhados,
Barcos, barcos ao mar
por este porto hão-de voltar.
Seguem as estrelas, barcos ao mar
Vão de partida, hão-de voltar,
Seguem as estrelas, barcos ao mar
vão de partida, hão-de voltar,
Barcos ao mar.
10. NÃO ME DEIXES FICAR AQUI
Ao longo da praia
a praia mais longa,
A Lua molhada
partindo nas ondas.
À frente as docas
o porto parado,
Barcos quedos
brando mar cansado.
Ao longo da vida
por esta passagem,
Figuras conhecidas
de outras paisagens.
Figuras como nós
na praia deserta,
Criando inimigos
e estranhas tarefas.
Não me deixes ficar aqui
Não me deixes ficar aqui.
"Quão feliz um homem pode ser, quando pisa o chão da terra
que o recebe de braços abertos. Foi o eu hoje senti à tarde quando pisava essa rua, aqui ao pé, de basalto, de paralelepípedos, sentia, ouvia os meus passos a tocar Fafe.
Esta terra, aqui, no centro do Minho."
"Quão felizes nós podemos ser por termos aqui os braços abertos, os corações disponíveis para uma noite de emoções
em que a música é a nossa linguagem, que desperta, enerva, que move, e isso, às vezes, só isso, é a redução do homem
que não fica parado que não se lamenta, que não está quieto,
que exige, desafia, quer mais."
"Nós somos a solução desta pátria - Portugal - nós, todos.
Só assim vejo que estes dias que ocorrem, passo a passo,
dia a dia, notícia a notícia, eu quero ver esta multidão chamada nação, país, dar o melhor de si, e transformar a tragédia num momento épico. Já fomos capazes na história de o fazer,
agora é só mais um desafio, aliás, de que vale a pena
chorarmos sobre o leite derramado. Melhor, todos os dias reconstruir, ou seja, levantarmos, erguemo-nos, sermos
apenas 1 só - 10 milhões - 1 só, uma nação, Portugal."
Não me deixes ficar aqui - não me deixes
Não me deixes ficar aqui - não me deixes.
11. BRINCAR NO FOGO
Jogar um jogo
eternamente,
lançando fogo
a toda a gente.
No alto risco
a tentação,
o imprevisto
provocação.
O fogo posto
rastilho aceso,
escondes-me o rosto
não sei se quero.
Ser e não ser
e até fingir,
quero tremer
deixa-me ir.
Brincar brincar e o fogo a queimar
Brincar brincar e o fogo a queimar
Brincar no fogo.
Venho sem medo
como um intruso,
um vento seco
um sopro surdo.
Toca no fogo
leva-me a sério,
sou o actor
deste mistério.
A história é curta
rocambolesca,
a chama em luta
é chama acesa.
Quero mentir
quero enganar,
não sei fugir
vais-me apanhar.
Brincar brincar e o fogo a queimar
Brincar brincar e o fogo a queimar
Brincar no fogo.
E se a farsa
não tiver fim,
foi a brincar
que me perdi.
Brincar no fogo, brincar no fogo
Brincar no fogo, brincar no fogo.
DISC 2
1. NA TUA CAMA
Na tua cama
onde as horas se consomem,
Na tua cama
fui de rapaz até homem.
Mexendo lençóis nos poemas
bebendo aos poucos sem pressa,
Abriste-me o teu abrigo
ficarei preso contigo.
Na tua cama, na tua cama.
Na tua cama
houve murmúrios de ondas,
Na tua cama
o brilho da Lua nas águas.
O cheiro do corpo é quente
a ânsia que faz o instante,
Tomar conta de nós
palavras tantas sem voz.
Na tua cama, na tua cama.
E se algum dia nos afastarmos
é porque o jogo não pode durar,
E se algum dia nos encontrarmos
é a vida que eu quero desafiar.
Na tua cama, na tua cama
Na tua cama, na tua cama.
2. TOCA-ME
Toca-me, sem uma palavra
só a tua pele e a tua alma.
Toca-me, o tempo vai
movendo a luz do meu olhar.
Toca-me, que tenho medo
pode o amor guardar segredo?
Toca-me, nesta penumbra
depois de ti a noite dura.
Toca-me meu amor, toca-me meu amor.
Toca-me, sem uma palavra
só a tua pele e a tua alma.
Toca-me meu amor, toca-me meu amor.
3. DE CARROSSEL
Ai, eu conheci esta terra
nos solavancos do carrossel,
Eu era puto nesta terra
a que muitos tratam só por mãe.
Cresci no prejuízo da guerra
ser herói numa pobre nação,
Que armou cretinos em feras
na fome e na sedução.
Ai, ai eu quero
Ai, eu quero andar no carrossel
No carrossel da multidão.
Ai eu conheci esta terra
nos solavancos do carrossel,
Hoje sou homem nesta terra
a que muitos tratam só por mãe.
E eu vivi sempre à espera
de saldos em fim de estação,
Vi tantos caírem na espera
lá fora estendendo a mão.
Ai, ai eu quero
Ai, eu quero andar no carrossel
No carrossel da multidão.
Ai, eu conheci esta terra
nos solavancos do carrossel,
Amanhã serei estrume nesta terra
a que muitos chamam negra mãe.
E esta terra tem de ser a festa
o novo rumo da multidão,
Deitar fora se não presta
e adubar o solo da criação.
Ai, ai eu quero
Ai, eu quero andar no carrossel
No carrossel da multidão.
Ai, eu quero voltar, ai, eu quero voltar
Ai, eu quero voltar, ai, eu quero voltar.
4. JORGE MORREU
Ele andava por aí
como tu e eu andamos,
Queimando um cigarro
queimando os nervos.
Nevoeiro no cérebro
num bailado de fantasmas,
Entre o frio e o zelo
e a importância dos notáveis.
Jorge morreu, Jorge morreu.
Ele tinha a tua cara
ele tinha a minha cara,
Ele era ninguém
que a vida desafiava.
Jorge um dia passou
à frente da ventania,
Entoando o refrão
e uma velha melodia.
Jorge morreu, Jorge morreu.
Jorge, Jorge, onde estás? Onde estás?
Jorge, Jorge, onde estás? Onde estás?
Quem te matou? Quem te matou?
Deixou a cidade
subiu à montanha,
Entrando na paisagem
onde um homem se amanha.
Jorge parou
os ponteiros da vida,
Mergulhando os olhos
no mar de água fria.
Jorge morreu, Jorge morreu.
5. MENINA ESTÁS À JANELA
Menina estás à janela
com o teu cabelo à Lua,
Não me vou daqui embora
sem levar uma prenda tua.
Sem levar uma prenda tua
sem levar uma prenda dela,
Com o teu cabelo à Lua
menina estás à janela.
Estás à janela
com o teu cabelo à Lua,
Não me vou daqui embora
sem levar uma prenda tua.
Uma prenda tua
sem levar uma prenda dela,
Com o teu cabelo à Lua
menina estás à janela,
Cabelo à Lua menina, estás à janela.
6. QUANDO (DENTRO DE TI)
Quando te sentes em baixo
e o mundo está confuso,
Quando o sonho é pecado
e tu apenas intruso.
Quando o dia amanhece
Há uma força dentro de ti
E dentro de mim.
Quando te negam a água
e à volta só deserto,
Quando os amigos falham
e a aposta não deu certo.
Quando o dia amanhece
Há uma força dentro de ti
E dentro de mim.
Quando sentes que o destino
te prega uma partida,
Quando sentes o perigo
de não haver saída.
Quando o dia amanhece
Há uma força dentro de ti
E dentro de mim.
7. CAVALOS DE CORRIDA
Agora, que a corrida estoirou
e os animais se lançam no esforço,
Agora, que todos eles aplaudem
a violência em jogo.
Agora, que eles picam os cavalos
violando todas as leis,
Agora, que eles passam ao assalto
e fazem-no por qualquer preço.
Agora, agora, tu és um cavalo de corrida.
Agora, que a vida passa num flash
e o paraíso é além,
Agora, que o filme deste massacre
é a rotina Zé Ninguém.
Agora, que perdeste o juízo
a jogar esta cartada,
Agora, que galopas já ferido
procurando abrir passagem.
Agora, agora, tu és um cavalo de corrida
Agora, agora, tu és um cavalo de corrida.
8. VEJAM BEM
Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar.
Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar.
E se houver
uma praça de gente madura
e uma estátua,
e uma estátua de febre a arder.
Anda alguém
pela noite de breu à procura
e não há quem lhe queira valer.
Vejam bem
daquele homem a fraca figura
desbravando os caminhos do pão.
E se houver
uma praça de gente madura
ninguém vai levantá-lo do chão.
Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem,
quando um homem se põe a pensar.
Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar.
9. VELHOS TAMBORINS
Nos olhos da noite
oiço tamborins,
Vindos do silêncio
desenhos, perfis.
De todos os lados
suave excitação,
A dança das sombras
celebração.
Por dentro da intriga
do ser e não ser,
O fogo crepita
lento a arder.
Que faço eu aqui
serei a ilusão,
A noite é uma ilha
negra sedução.
E oiço, velhos tamborins, velhos tamborins
Velhos tamborins, à volta de mim.
A dança está no vento
silhuetas a sorrir,
É morno este encanto
não quero partir.
É como se a noite
estivesse no dia,
Contrárias as partes
a mesma harmonia.
E oiço, velhos tamborins, velhos tamborins
Velhos tamborins, à volta de mim.
10. POR TRÊS MINUTOS NA VIDA
Por três minutos na vida
se escreve uma canção,
Palavras que palpitam
melodia e refrão.
Por três minutos na vida
nós damos o melhor,
A paixão contida
num poema de amor.
Por três minutos na vida
acharei a felicidade,
Na canção prometida
a minha eternidade.
Por três minutos na vida
dar-vos-ei a emoção,
Que guardo escondida
no meu coração.
Por três minutos na vida
acharei a felicidade,
Na canção prometida
a minha eternidade.
Por três minutos na vida
o Sol vai brilhar,
Mistério e magia
da canção popular.
Por três minutos na vida
acharei a felicidade,
Na canção prometida
a minha eternidade.
1. SÓ EU SEI PORQUÊ
(instrumental)
2. DANÇA COMIGO (ATÉ O SOL NASCER)
O Sol a pôr-se, o céu nas águas
Os olhos parados na tarde calma.
Será por ti que guardo o tempo
Neste segredo, luz e silêncio.
Dança comigo, a primeira vez
Ficarei contigo até o Sol nascer.
Quero-te tanto, por ti esperei
Por este dia mil anos passei.
Tu és o anjo que me protege
O grande amor que a vida me deve.
Dança comigo, a primeira vez
Ficarei contigo até o Sol nascer.
Quero-te tanto, por ti esperei
Por este dia mil anos passei.
Dança comigo, a primeira vez
Ficarei contigo até o Sol nascer,
Até o Sol nascer.
3. RUA DO CARMO
Rua do Carmo, rua do Carmo
mulheres bonitas subindo o Chiado,
Mulheres alheias, presas às montras
alguns aleijados em hora de ponta.
Olha como é a rua do Carmo
Olha como é a rua do Carmo.
Jornais que saem do Bairro Alto
putos estendidos, travando o passo,
Onde o comércio cativa turistas
quem come com os olhos, já enche a barriga.
Olha como é a rua do Carmo
Olha como é a rua do Carmo.
Soprando a vida passam estudantes
gingando as ancas, lábios ardentes,
Subindo com pressa abrindo passagem
chocamos de frente, seguimos viagem.
Olha como é a rua do Carmo
Olha como é a rua do Carmo,
Heh, heh.
4. MATAS-ME COM O TEU OLHAR
Noites frias de marfim
noites frias ao luar,
A conversa já no fim
matas-me com o teu olhar.
Matas-me com o teu olhar
Matas-me com o teu olhar.
Sabes que esta vida corre
como a sombra pelo chão,
Nada fica, tudo foge
ouve a voz do coração.
Matas-me com o teu olhar
Matas-me com o teu olhar.
São como cubos de gelo
que eu sinto ao tocar,
As palavras têm medo
matas-me com o teu olhar.
Matas-me com o teu olhar
Matas-me com o teu olhar,
Com o teu olhar.
5. VIVER PARA TE VER
Quero gostar de ti
sem saber porquê,
Sentir o que senti
a primeira vez.
Sem fazer perguntas
apenas desfrutar,
Duas vidas juntas
unidas para amar.
Viver para te ver
de manhã ao acordar,
O coração a bater
para te abraçar.
Calo as palavras
só os olhos a brilhar,
Secreta é a fala
sonhos a vibrar.
Viver para te ver
de manhã ao acordar,
O coração a bater
para te abraçar.
6. VOO PARA A VENEZUELA
A avenida tem palmeiras dançando
nos meus olhos o teu corpo vibrando,
Vento forte marca o desejo
porque tu já cá não estás deitada,
no meu quarto, no meu quarto, no meu quarto.
A revolta torna a crise passageira
velha amiga, o teu choro engana,
Perco os dias, marco as horas
preso ao sabor do teu corpo,
no meu quarto, no meu quarto, no meu quarto.
Fumo espesso no cansaço em chamas
esta vida é um templo de palavras,
O silêncio afoga a memória
o vinho põe um fim na história da mulher que ri,
no deserto, no deserto, no deserto.
No deserto - no meu quarto
No deserto - no meu quarto
No deserto - no meu quarto.
7. CONCERTO
Dedos amarelos
afinados em dó maior,
Cigarros de pontas breves
espalhados no auditório.
Luz que entra pelas alturas
e conduz à histeria,
Olhos fixos à procura
do profeta da rebeldia.
Soutien preso à pele
entre os amigos gritando,
Corpo aberto à ternura
da música deste concerto.
Bem bebidos de brilho nos olhos
avançaram sedentos,
Exigindo matar a fome
pelo preço de um bilhete.
Angústias ou ramos de flores - olá
Suando, sangrando, sei lá - olá
Oiço palmas, uivos, risos brancos sinceros - olá
No caudal que se vai - olá
E o rio está seco - olá
Quase no fim - olá
Regressemos à sobrevivência...
8. DE UM HOMEM SÓ
Viver por aí, jogando as jogadas
a vida como risco, curvando pela estrada,
Glórias vazias, intrusos na memória
um estafeta com azia, poeta quando acorda
quando acorda, se acorda.
Ai, eu quero ver essa porta aberta
Ai, eu quero ver essa porta aberta.
A angústia servida no ponto limite
dias que se repetem e repetindo desistem,
Parceiros no medo, somando ilusões
provando o veneno pela taça dos campeões
campeões, como peões.
Ai, eu quero ver essa porta aberta
Ai, eu quero ver essa porta aberta.
O amor está perto, imóvel e veloz
com os braços abertos, da fonte até à foz
até à foz, até à foz, até à foz.
Ai, eu quero ver essa porta aberta
Ai, eu quero ver essa porta aberta,
Ai, eu quero, quero.
9. BARCOS AO MAR
Barcos, à descoberta
levam os homens p'ra nova terra,
Barcos, a navegar
a outro mundo hão-de chegar.
Seguem as estrelas, barcos ao mar
Vão de partida, hão-de voltar,
Seguem as estrelas, barcos ao mar
vão de partida, hão-de voltar,
Barcos ao mar.
Barcos, de homens calados
seguem a esperança, olhos molhados,
Barcos, barcos ao mar
por este porto hão-de voltar.
Seguem as estrelas, barcos ao mar
Vão de partida, hão-de voltar,
Seguem as estrelas, barcos ao mar
vão de partida, hão-de voltar,
Barcos ao mar.
10. NÃO ME DEIXES FICAR AQUI
Ao longo da praia
a praia mais longa,
A Lua molhada
partindo nas ondas.
À frente as docas
o porto parado,
Barcos quedos
brando mar cansado.
Ao longo da vida
por esta passagem,
Figuras conhecidas
de outras paisagens.
Figuras como nós
na praia deserta,
Criando inimigos
e estranhas tarefas.
Não me deixes ficar aqui
Não me deixes ficar aqui.
"Quão feliz um homem pode ser, quando pisa o chão da terra
que o recebe de braços abertos. Foi o eu hoje senti à tarde quando pisava essa rua, aqui ao pé, de basalto, de paralelepípedos, sentia, ouvia os meus passos a tocar Fafe.
Esta terra, aqui, no centro do Minho."
"Quão felizes nós podemos ser por termos aqui os braços abertos, os corações disponíveis para uma noite de emoções
em que a música é a nossa linguagem, que desperta, enerva, que move, e isso, às vezes, só isso, é a redução do homem
que não fica parado que não se lamenta, que não está quieto,
que exige, desafia, quer mais."
"Nós somos a solução desta pátria - Portugal - nós, todos.
Só assim vejo que estes dias que ocorrem, passo a passo,
dia a dia, notícia a notícia, eu quero ver esta multidão chamada nação, país, dar o melhor de si, e transformar a tragédia num momento épico. Já fomos capazes na história de o fazer,
agora é só mais um desafio, aliás, de que vale a pena
chorarmos sobre o leite derramado. Melhor, todos os dias reconstruir, ou seja, levantarmos, erguemo-nos, sermos
apenas 1 só - 10 milhões - 1 só, uma nação, Portugal."
Não me deixes ficar aqui - não me deixes
Não me deixes ficar aqui - não me deixes.
11. BRINCAR NO FOGO
Jogar um jogo
eternamente,
lançando fogo
a toda a gente.
No alto risco
a tentação,
o imprevisto
provocação.
O fogo posto
rastilho aceso,
escondes-me o rosto
não sei se quero.
Ser e não ser
e até fingir,
quero tremer
deixa-me ir.
Brincar brincar e o fogo a queimar
Brincar brincar e o fogo a queimar
Brincar no fogo.
Venho sem medo
como um intruso,
um vento seco
um sopro surdo.
Toca no fogo
leva-me a sério,
sou o actor
deste mistério.
A história é curta
rocambolesca,
a chama em luta
é chama acesa.
Quero mentir
quero enganar,
não sei fugir
vais-me apanhar.
Brincar brincar e o fogo a queimar
Brincar brincar e o fogo a queimar
Brincar no fogo.
E se a farsa
não tiver fim,
foi a brincar
que me perdi.
Brincar no fogo, brincar no fogo
Brincar no fogo, brincar no fogo.
DISC 2
1. NA TUA CAMA
Na tua cama
onde as horas se consomem,
Na tua cama
fui de rapaz até homem.
Mexendo lençóis nos poemas
bebendo aos poucos sem pressa,
Abriste-me o teu abrigo
ficarei preso contigo.
Na tua cama, na tua cama.
Na tua cama
houve murmúrios de ondas,
Na tua cama
o brilho da Lua nas águas.
O cheiro do corpo é quente
a ânsia que faz o instante,
Tomar conta de nós
palavras tantas sem voz.
Na tua cama, na tua cama.
E se algum dia nos afastarmos
é porque o jogo não pode durar,
E se algum dia nos encontrarmos
é a vida que eu quero desafiar.
Na tua cama, na tua cama
Na tua cama, na tua cama.
2. TOCA-ME
Toca-me, sem uma palavra
só a tua pele e a tua alma.
Toca-me, o tempo vai
movendo a luz do meu olhar.
Toca-me, que tenho medo
pode o amor guardar segredo?
Toca-me, nesta penumbra
depois de ti a noite dura.
Toca-me meu amor, toca-me meu amor.
Toca-me, sem uma palavra
só a tua pele e a tua alma.
Toca-me meu amor, toca-me meu amor.
3. DE CARROSSEL
Ai, eu conheci esta terra
nos solavancos do carrossel,
Eu era puto nesta terra
a que muitos tratam só por mãe.
Cresci no prejuízo da guerra
ser herói numa pobre nação,
Que armou cretinos em feras
na fome e na sedução.
Ai, ai eu quero
Ai, eu quero andar no carrossel
No carrossel da multidão.
Ai eu conheci esta terra
nos solavancos do carrossel,
Hoje sou homem nesta terra
a que muitos tratam só por mãe.
E eu vivi sempre à espera
de saldos em fim de estação,
Vi tantos caírem na espera
lá fora estendendo a mão.
Ai, ai eu quero
Ai, eu quero andar no carrossel
No carrossel da multidão.
Ai, eu conheci esta terra
nos solavancos do carrossel,
Amanhã serei estrume nesta terra
a que muitos chamam negra mãe.
E esta terra tem de ser a festa
o novo rumo da multidão,
Deitar fora se não presta
e adubar o solo da criação.
Ai, ai eu quero
Ai, eu quero andar no carrossel
No carrossel da multidão.
Ai, eu quero voltar, ai, eu quero voltar
Ai, eu quero voltar, ai, eu quero voltar.
4. JORGE MORREU
Ele andava por aí
como tu e eu andamos,
Queimando um cigarro
queimando os nervos.
Nevoeiro no cérebro
num bailado de fantasmas,
Entre o frio e o zelo
e a importância dos notáveis.
Jorge morreu, Jorge morreu.
Ele tinha a tua cara
ele tinha a minha cara,
Ele era ninguém
que a vida desafiava.
Jorge um dia passou
à frente da ventania,
Entoando o refrão
e uma velha melodia.
Jorge morreu, Jorge morreu.
Jorge, Jorge, onde estás? Onde estás?
Jorge, Jorge, onde estás? Onde estás?
Quem te matou? Quem te matou?
Deixou a cidade
subiu à montanha,
Entrando na paisagem
onde um homem se amanha.
Jorge parou
os ponteiros da vida,
Mergulhando os olhos
no mar de água fria.
Jorge morreu, Jorge morreu.
5. MENINA ESTÁS À JANELA
Menina estás à janela
com o teu cabelo à Lua,
Não me vou daqui embora
sem levar uma prenda tua.
Sem levar uma prenda tua
sem levar uma prenda dela,
Com o teu cabelo à Lua
menina estás à janela.
Estás à janela
com o teu cabelo à Lua,
Não me vou daqui embora
sem levar uma prenda tua.
Uma prenda tua
sem levar uma prenda dela,
Com o teu cabelo à Lua
menina estás à janela,
Cabelo à Lua menina, estás à janela.
6. QUANDO (DENTRO DE TI)
Quando te sentes em baixo
e o mundo está confuso,
Quando o sonho é pecado
e tu apenas intruso.
Quando o dia amanhece
Há uma força dentro de ti
E dentro de mim.
Quando te negam a água
e à volta só deserto,
Quando os amigos falham
e a aposta não deu certo.
Quando o dia amanhece
Há uma força dentro de ti
E dentro de mim.
Quando sentes que o destino
te prega uma partida,
Quando sentes o perigo
de não haver saída.
Quando o dia amanhece
Há uma força dentro de ti
E dentro de mim.
7. CAVALOS DE CORRIDA
Agora, que a corrida estoirou
e os animais se lançam no esforço,
Agora, que todos eles aplaudem
a violência em jogo.
Agora, que eles picam os cavalos
violando todas as leis,
Agora, que eles passam ao assalto
e fazem-no por qualquer preço.
Agora, agora, tu és um cavalo de corrida.
Agora, que a vida passa num flash
e o paraíso é além,
Agora, que o filme deste massacre
é a rotina Zé Ninguém.
Agora, que perdeste o juízo
a jogar esta cartada,
Agora, que galopas já ferido
procurando abrir passagem.
Agora, agora, tu és um cavalo de corrida
Agora, agora, tu és um cavalo de corrida.
8. VEJAM BEM
Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar.
Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar.
E se houver
uma praça de gente madura
e uma estátua,
e uma estátua de febre a arder.
Anda alguém
pela noite de breu à procura
e não há quem lhe queira valer.
Vejam bem
daquele homem a fraca figura
desbravando os caminhos do pão.
E se houver
uma praça de gente madura
ninguém vai levantá-lo do chão.
Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem,
quando um homem se põe a pensar.
Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar.
9. VELHOS TAMBORINS
Nos olhos da noite
oiço tamborins,
Vindos do silêncio
desenhos, perfis.
De todos os lados
suave excitação,
A dança das sombras
celebração.
Por dentro da intriga
do ser e não ser,
O fogo crepita
lento a arder.
Que faço eu aqui
serei a ilusão,
A noite é uma ilha
negra sedução.
E oiço, velhos tamborins, velhos tamborins
Velhos tamborins, à volta de mim.
A dança está no vento
silhuetas a sorrir,
É morno este encanto
não quero partir.
É como se a noite
estivesse no dia,
Contrárias as partes
a mesma harmonia.
E oiço, velhos tamborins, velhos tamborins
Velhos tamborins, à volta de mim.
10. POR TRÊS MINUTOS NA VIDA
Por três minutos na vida
se escreve uma canção,
Palavras que palpitam
melodia e refrão.
Por três minutos na vida
nós damos o melhor,
A paixão contida
num poema de amor.
Por três minutos na vida
acharei a felicidade,
Na canção prometida
a minha eternidade.
Por três minutos na vida
dar-vos-ei a emoção,
Que guardo escondida
no meu coração.
Por três minutos na vida
acharei a felicidade,
Na canção prometida
a minha eternidade.
Por três minutos na vida
o Sol vai brilhar,
Mistério e magia
da canção popular.
Por três minutos na vida
acharei a felicidade,
Na canção prometida
a minha eternidade.
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