UHF : Em Lugares Incertos (Reissue)

Rock / Portugal
(2008 - Am Ra Discos)
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Letras

1. FERIR ATÉ À DOR

Tentar a vida sem a agarrar
olhar para ti e perguntar,
Que é feito do amor
juntos aqui será melhor,
Porquê ferir até à dor
a vida arde e o sonho queima.

É tão difícil viver sem ti
tentei o truque só eu perdi,
Querer tocar-te e não tocar
querer um beijo e não tentar,
Pensar que posso acabar
nesta esquina sem morada.

E que é feito do amor
juntos aqui será melhor,
Porquê ferir até à dor
a vida arde e o sonho queima.

Pergunto à vida o que falhou
mas foi a vida que me calou,
Tudo se ergue contra mim
e já começo a sentir,
Que este homem vai cair
nessa esquina sem morada.

E que mais posso eu te dar
se o amor está todo aqui,
Talvez tu possas regressar
por esta porta, vamos partir.

E que é feito do amor
juntos aqui será melhor,
Porquê ferir até à dor
a vida arde e o sonho queima.
E o sonho queima, e o sonho queima...


2. (FOGO) TANTO ME ATRAIS

O fogo cresce em lugares incertos
e esse fogo queima aqui por dentro,
O fogo está sempre aqui tão perto
é o meu deserto e eu vivo dentro.

Este vinho escorre e a sede aumenta
um convite directo que não me espanta,
É o fogo proibido que me cerca e tenta
finjo-me perdido, a presa certa.

Fogo, fogo, tanto me atrais
Fogo, fogo, tanto me atrais.

O corpo sustenta o tempo suspenso
a poeira imensa que traz o vento,
Tudo me cansa e tudo aguento
a estória recomeça perdendo encanto.

Fogo, fogo, tanto me atrais
Fogo, fogo, tanto me atrais.


3. COISA BOA

Às vezes tu ganhas a partida
soltando gargalhadas,
Às vezes é como ver a vida
no espelho embaciada.

Às vezes tu sais p'ra rua
pouco muito p'ra fazer,
É triste o Sol dessa rua
às vezes é escuro de ver.

Quero-te coisa boa, é tudo o que sabes dizer
Quero-te coisa boa, é tudo o que posso dizer.

Às vezes dois passos à frente
surge a figura mulher,
Cores breves, um instante
às vezes aquece o prazer.

Assim nasce o fogo incêndio
belo de ver e tocar,
Querer tocá-lo por dentro
e arder e queimar.

Quero-te coisa boa, é tudo o que sabes dizer
Quero-te coisa boa, é tudo o que posso dizer.

Cai a vida na poeira
garrafa meio bebida,
É um sonho em canseira
coisa boa desmedida.

Quero-te coisa boa, é tudo o que sabes dizer
Quero-te coisa boa, é tudo o que posso dizer.


4. FOI A DOIS (E MORREU)

Pelas costas vem a sombra
és tu que vais disparar,
Tudo tão triste na memória
tão de repente, faltou-me o ar.

Não sei porquê mas ainda lembro
juntos na estrada sempre a fugir,
Sorrisos quentes, belos enganos
em cada gesto o teu convite.

Foi a dois e morreu
um caso a dois e morreu,
Choque frontal
há mortos na marginal.

Havia tanto nos teus olhos
era a noite e era a ânsia,
Resta-me a força do riso
e os gritos são de ambulância.

Borbulha agora no meu copo
reflexos de um Sol mortífero,
Que sei jeito entornei
no acto de beber o feitiço.

Foi a dois e morreu
um caso a dois e morreu,
Choque frontal
há mortos na marginal.

Pelas costas vem a sombra
és tu que vais disparar,
Tudo tão triste na memória
tão de repente faltou-me o ar.

Havia tanto nos teus olhos
era a noite e era a ânsia,
Resta-me a força do riso
e os gritos são de ambulância.

Foi a dois e morreu
um caso a dois e morreu,
Choque frontal
há mortos na marginal,
Foi a dois e morreu
um caso a dois e morreu.


5. DE UM ARTISTA

P'ro artista, a vida não é segura
p'ro artista, andar sempre à procura,
Da palavra, da imagem, do aplauso
da palavra, da imagem, do aplauso.

P'ro artista, a vida nem sempre é fácil
p'ro artista, as contas saem furadas,
Na palavra, na imagem, no aplauso
na palavra, na imagem, no aplauso.

E um artista quer ver no espelho a verdade
um artista quer-vos na unidade,
Da palavra, da imagem, do aplauso
da palavra, da imagem, do aplauso.

No artista é sempre enorme o erro
se o artista ficar sozinho tem medo,
Da palavra, da imagem, do aplauso
da palavra, da imagem, do aplauso.

E eu, quero ver-te deste lado
com as noitadas que eu matei,
Saboreando cerveja quente
preso à guitarra como à velha mãe,
preso à guitarra como à velha mãe.


6. HESITAR

A noite convida, na noite se agita
o vulto esquivo de uma mulher,
Querer tocá-la, saber tentá-la
contar-lhe histórias de comover.

Hesitar, hesitar
Não, não consigo evitar
Evitar, hesitar.

Do lado quente, do Sol nascente
se tu quiseres o fogo a arder,
Do lado quente, se for bem quente
pode doer, doer a valer.

Hesitar, hesitar
Não, não consigo evitar
Evitar, hesitar.

É como se a espera
fosse o gozo maior,
E eu a fera
incapaz de melhor.

Hesitar, hesitar
Não, não consigo evitar
Evitar, hesitar.


7. ESTA MENTIRA À SOLTA

Eu menti, quase sempre menti
a saber e a fingir, mais de que uma vez,
Um ser com eu, um alvo assinalado
é sombra ambígua, mesmo à beira do lago.

E depressa, depressa, ninguém fica de fora
É de dentro que se abre, esta mentira à solta.

Fantasia, é mentira sem azia
é vislumbre a sorrir ou recado de amor,
É na noite que se empurra a vida
uma nesga de luz, o mergulho na bebida.

E depressa, depressa, ninguém fica de fora
É de dentro que se abre, esta mentira à solta,
Esta mentira à solta, esta mentira à solta.


8. (FOGO) TANTO ME ATRAIS

(Same track 2)


9. ANTES QUE EU PARTA

Escuta, eu não quero ficar aqui
Eu não quero ser o teu homem,
A subir e a descer a estrada sem ti
Fui um sonho, um sonho, um homem
Eu não quero ficar assim aqui.

Acende-me um cigarro
O último cigarro antes que eu parta.

Vaguear, eu sempre andei a vaguear
Por palavras escritas que morrem
Enquanto preparavas um velho cenário
E neste jogo as figuras morrem
Rodeaste-me de fogo e gelo
E pessoas, caras que desconheço.

Acende-me um cigarro
O último cigarro antes que eu parta.

Dias à boca de um truque suicida
Coleção de poemas na estrada
Sentindo o motor na corrida
E nada de ti, nada de ti
Antes do espetáculo começar.

Acende-me um cigarro
O último cigarro antes que eu parta,
Acende-me um cigarro
O último cigarro antes que eu parta.


10. IREI CONTIGO

((Instrumental)

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