UHF : Jorge Morreu (Reissue)
Les paroles
1. JORGE MORREU
Ele andava por aí
Como tu e eu andamos,
Queimando um cigarro
Queimando os nervos.
Nevoeiro no cérebro
Num bailado de fantasmas,
Entre o frio e o zelo
E a importância dos notáveis.
Jorge morreu, Jorge morreu.
Ele tinha a tua cara
Ele tinha a minha cara,
Ele era ninguém
Que a vida desafiava.
Jorge um dia passou
À frente da ventania,
Entoando o refrão
E uma velha melodia.
Jorge morreu, Jorge morreu.
Jorge, Jorge, onde estás? Onde estás?
Jorge, Jorge, onde estás? Onde estás?
Quem te matou?
Deixou a cidade
Subiu à montanha,
Entrando na paisagem
Onde um homem se amanha.
Jorge parou
Os ponteiros da vida,
Mergulhando os olhos
No mar de água fria.
Jorge morreu, Jorge morreu.
2. CAÇADA
Corremos selvagens
Na mira das armas
Apontadas pela justiça da cidade.
Deram-nos o tempo exacto
Dados aos coelhos no mato
E então estoirou a caçada.
Nuvens cinzentas de humanóides
Correndo de armas apontadas
Dando tiros nas costas das presas desarmadas.
À carga! À carga! - Gritaram
E então as viseiras baixaram
P’ra acabar no chão os que ainda mexiam.
Sangue no alcatrão
Olhos pisados de espanto
E a morte distribuída em nome do Estado.
Ferozes, loucos de raiva
Massacrando como feras
Zelosos na limpeza da praça da história.
3. AQUELA MARIA
Conheci Maria numa esplanada
Ao meio dia de quinta feira,
Pernas ao vento, sorriso tentando
Matar o tempo deste inverno.
Maria tem fome dos sonhos que a noite engole,
Maria tem fome dos sonhos que a noite envolve.
O quadro é vulgar mas se ninguém pegar
O preço baixará, por que a vida continua,
A miséria traz formigas e Sol de luz fria
Que não aquece Maria, à beira do perigo.
Maria tem fome dos sonhos que a noite engole,
Maria tem fome dos sonhos que a noite envolve.
Voltei a esta história nas páginas dos jornais
Maria estendida à porta de um bar,
Sangue entre os cabelos sangue entre os dedos
Do homem sensato que lê os jornais.
Maria tem fome dos sonhos que a noite envolve,
Maria perdeu as partidas que a vida joga.
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